Em um pequeno vilarejo cheio de casas coloridas e jardins floridos, vivia um gato chamado Bonito. Bonito era diferente dos outros gatos. Tinha o pelo branco brilhante, olhos verdes como esmeraldas e um coração enorme. Embora todos pensassem que seu trabalho era caçar ratos, Bonito tinha um segredo: em vez de persegui-los para capturá-los, ele os procurava para colocá-los a salvo de outros gatos mais travessos.
Tudo começou uma noite quando Bonito ouviu um guincho agudo perto do celeiro. Ele correu em direção ao som e encontrou um pequeno rato tremendo debaixo de uma caixa de madeira. Dois gatos grandes e ferozes o cercavam, prontos para saltar. Sem pensar duas vezes, Bonito se colocou na frente do ratinho e rosnou tão alto que os outros gatos se assustaram e fugiram.
— Você está bem? — perguntou Bonito ao ratinho.
— S-sim… obrigado — respondeu o rato, trêmulo, mas agradecido. — Meu nome é Lino. Por que você me ajudou? Você é um gato!
Bonito sorriu.
— Não gosto de brigas nem de medo. Prefiro ajudar. Venha, vou te levar para um lugar seguro.
Desde aquele dia, Bonito decidiu que sua missão seria proteger os ratos do vilarejo. Todas as noites, ele caminhava pelos telhados e becos procurando ratos em apuros. Quando encontrava algum, ele o guiava até esconderijos secretos que só ele conhecia: buracos nas árvores, cavernas debaixo das pedras e cantos escuros do celeiro onde nenhum outro gato ousava entrar.
Os ratos logo souberam da bondade de Bonito. No início, alguns desconfiavam.
— Um gato nos ajudando? Que estranho! — diziam.
Mas depois que Bonito salvou vários deles, todos começaram a confiar nele. Até lhe deram um apelido: “O Guardião Cinza”.
Uma noite, enquanto Bonito explorava o vilarejo, ele ouviu um barulho no mercado. Era um grupo de ratos tentando roubar queijo de uma loja para alimentar suas famílias. Justo quando estavam prestes a ser descobertos pelo dono, Bonito apareceu e miou bem alto para distraí-lo.
— Corram! — disse ele baixinho enquanto o homem olhava para o outro lado. Os ratos correram tão rápido quanto puderam e se esconderam em um dos refúgios que Bonito havia preparado.
— Obrigado, Bonito — disseram os ratos quando estavam a salvo. — Não sabemos o que faríamos sem você.
Bonito sorriu.
— Só faço o que acho certo. Todos merecem estar seguros, até vocês.
Com o tempo, os ratos decidiram fazer algo especial para agradecer Bonito. Um dia, enquanto ele dormia sob uma árvore, os ratos teceram um pequeno colar com fios brilhantes que encontraram em uma costureira. No colar havia uma pequena nota que dizia: “Obrigado, amigo”.
Quando Bonito acordou e viu o colar, seus olhos se encheram de lágrimas (embora ele nunca admitisse). Desde então, ele sempre usou o colar com orgulho, lembrando-se de que até os menores podem ter grandes corações.
Os moradores do vilarejo nunca entenderam por que os ratos pareciam tão felizes nem por que Bonito sempre estava por perto deles. Mas para Bonito e os ratos, não importava o que os outros pensassem. Eles tinham formado uma amizade única, mostrando que, mesmo sendo diferentes, podemos trabalhar juntos e cuidar uns dos outros.
E assim, todas as noites, Bonito continuou sendo o herói silencioso do vilarejo, garantindo que nenhum rato tivesse medo. Porque, para ele, o mais importante não era ser um gato comum, mas sim ser alguém em quem os outros pudessem confiar.
Fim. 🐱🐭